quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Linda Hutchceon

Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção, Linda Hutcheon



Sobre o Pós-Modernismo


Definição

Linda Hutcheon define a pós-modernidade como uma “metaficção historiográfica”, que teria características peculiares, tais como:

* Auto-referencialidade
* Paródia histórica
* Ausência de dialética
* Descontinuidade
* Desmembramento
* Deslocamento
* Descentralização
* Indeterminação
* Antitotalização


Origem

Arquitetura

* As contradições entre o auto-reflexivo e o histórico já apareciam em Shakespeare e Cervantes, mas o pós-modernismo acrescentou-lhes uma constante ironia.



1. A problematização da História pelo pós-modernismo

O pós-moderno não é anistórico, nem desistoricizado, mas questiona os nossos pressupostos sobre o conhecimento histórico.

– Hayden White, Paul Weyne, Michel de Certeau, Dominick Lacapra, Louis Minck, Frederick Jameson, Lionel Gossmann e Edward Said estudam as relações entre o discurso histórico e o discurso literário da mesma forma que a ficção pós-moderna (a metaficção historiográfica) o faz, através de:

* problematização da forma narrativa
* intertextualidade
* estratégias de representação (mímese)
* funções da linguagem
* relações entre o fato histórico e o acontecimento empírico.
* conseqüências epistemológicas e ontológicas do ato de tornar problemático o que antes era aceito pela história e pela literatura como certeza.


2. Diferenças entre modernismo e pós-modernismo

* O pós-modernismo subverte as convenções realistas através da ironização constante, mas não as rejeita, como o modernismo. A problematização substitui a demolição.

* O pós-modernismo desafia o pressuposto humanista de um eu unificado e de uma consciência integrada.

* O pós-modernismo contesta a noção de originalidade e de autoridade autoral.

* O pós-modernismo não separa estético de político.

Estes paradoxos do movimento o conduzem à ambidestria política: tanto pode ser considerado neoconservador nostálgico e reacionário quanto radicalmente demolidor.


Assim, apesar de seu tom apocalíptico, o pós-modernismo não é uma mudança utópica radical, não propõe nenhuma ruptura. É apenas a cultura desfiando a si mesma de seu próprio interior: desafiada, questionada ou contestada, mas não implodida.

HUTCHEON, L. Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção. Trad. R. Cruz.
Rio de Janeiro: Imago, 1991.